Incompatibilidade de Gênios

O casamento está aí até hoje. Há quem diga que vai dar uns cascudos, se descobrir, no inventor desse treco. Outros dizem que é uma benção. Há até quem diga que o casamento, depois de uns dez anos de peleja, já pode ser considerado incesto. A coisa fica assim meio chocha, sem aquele antigo fogo dos tempos em que a marcação dos pais e das mães era mais forte que a de zagueiros botinudos. E vem o bispo de Roma, que a gente chama de Papa, falar que não se pode fazer aquilo antes. Se bobear, se continuar assim, não se pode nem fazer durante.

Depois de um bom tempo só nas preliminares, o que abestalhadamente denomina-se noivado, gasta-se uma grana enorme para mostrar para aqueles que já cometeram esta loucura no passado, que nós também a cometeremos. E ainda damos de comer e beber para o povo servir de testemunha. Cá pra nós, não há uma festa de casamento, em qualquer lugar deste mundo, na qual um convidado espírito de porco deixe de falar que o chope estava quente e a comida era pouca. É infalível! Tão infalível quanto o choro da mãe da noiva, o desmaio da tia solteirona que criou o sobrinho cheio de mimos, a cara amarrada do pai da noiva que nem sempre mandava o futuro genro assoviar e bater palma quando estivesse sozinho no sofá da sala com a futura esposa. O quê? Vai dizer que não sabia disso? Noivo que fica sozinho com a noiva na sala tem que bater palma e assoviar para mostrar que a boca e as mãos estão ocupadas. Bom, o resto é por conta da imaginação de vocês, certo?

Aí, o tempo passa e o casamento começa a fazer água. Aquelas coisas chatas que um ou outro faziam, e eram vistas com carinho meio cegueta, começam a incomodar. Resmungo daqui, muxoxo dali, noites de terças no futebol acolá, idas ao dentista três vezes por semana e... acabam na frente de um advogado para se divorciarem.

Dá-se, então, a lista de reclamações. Vejamos a seguir com letra de Aldir Blanc e música de João Bosco, Incompatibilidade de Gênios.